• Home  
  • Sequestro de motorista por aplicativo em Eunápolis expõe guerra de facções e falhas na segurança pública
- Polícia

Sequestro de motorista por aplicativo em Eunápolis expõe guerra de facções e falhas na segurança pública

Eunápolis, Bahia – O desaparecimento do motorista de aplicativo Athus Alves Bernardo, de 35 anos, sequestrado no dia 25 de fevereiro, escancara um cenário de violência crescente na região, impulsionado pela guerra entre facções criminosas. Nesta quinta-feira (27), a Polícia Civil prendeu dois suspeitos de participação no crime, mas a vítima segue desaparecida, e as […]

Eunápolis, Bahia – O desaparecimento do motorista de aplicativo Athus Alves Bernardo, de 35 anos, sequestrado no dia 25 de fevereiro, escancara um cenário de violência crescente na região, impulsionado pela guerra entre facções criminosas. Nesta quinta-feira (27), a Polícia Civil prendeu dois suspeitos de participação no crime, mas a vítima segue desaparecida, e as autoridades já trabalham com a hipótese de homicídio seguido de ocultação de cadáver.

A ação faz parte da 15ª Fase da Operação Unum Corpus, uma megaoperação policial realizada simultaneamente em diversas cidades da Bahia, com o objetivo de desarticular redes criminosas envolvidas em tráfico de drogas, homicídios e outros crimes graves. A prisão dos dois homens levanta questionamentos sobre a influência das facções Bonde do Maluco (BDM), Primeiro Comando de Eunápolis (PCE) e Comando Vermelho (CV) na cidade e a vulnerabilidade dos cidadãos diante dessa disputa territorial.


O SEQUESTRO: UMA ARMADILHA MORTAL

Segundo as investigações, Athus foi sequestrado após realizar uma corrida para uma passageira no bairro Parque da Renovação. Assim que deixou a cliente, ele teria sido abordado e rendido por membros de uma facção criminosa, que o levaram para uma área controlada por rivais. O desaparecimento gerou preocupação entre familiares e amigos, que denunciaram o sumiço à polícia.

O veículo da vítima foi encontrado abandonado no bairro Alto da Boa Vista, mas sem qualquer sinal de Athus. As autoridades então passaram a considerar que ele teria sido capturado, executado e seu corpo ocultado em uma área remota. A brutalidade do caso reflete um padrão já visto em crimes cometidos por facções em Eunápolis: a eliminação de alvos considerados indesejados, seguida da destruição de provas para dificultar investigações.


OS PRESOS E SUAS LIGAÇÕES COM O CRIME ORGANIZADO

A operação resultou na prisão de Cauan Araújo dos Santos, de 20 anos, e Loran Matheus Mota Pereira, de 27 anos. De acordo com a polícia, Cauan estava em posse do celular de Athus e confessou que participou do abandono do carro da vítima. No entanto, a investigação sugere que o papel da dupla vai muito além disso.

Os investigadores acreditam que Cauan e Loran entregaram Athus a outros criminosos no bairro Juca Rosa, onde ele teria sido morto e enterrado em um local ainda desconhecido. A polícia segue tentando obter informações sobre o paradeiro do corpo, mas os suspeitos permanecem em silêncio.

Esse tipo de execução tem sido uma prática comum entre facções rivais na Bahia, onde inimigos são sequestrados e mortos em áreas de mata fechada, dificultando a localização dos corpos. O assassinato de Athus pode ter sido motivado por uma suposta ligação com o Bonde do Maluco (BDM), grupo criminoso que disputa território com o PCE e o Comando Vermelho (CV) em Eunápolis.


FALHAS NA SEGURANÇA PÚBLICA: QUEM CONTROLA A CIDADE?

O caso expõe falhas estruturais na segurança pública e no combate ao crime organizado em Eunápolis. Nos últimos anos, a cidade se tornou um campo de batalha entre facções, colocando cidadãos em risco constante. A brutalidade do sequestro de Athus evidencia o nível de impunidade que grupos criminosos desfrutam na região, onde desaparecimentos e execuções se tornaram comuns.

Mesmo com operações como a Unum Corpus, que nesta fase prendeu 23 pessoas e cumpriu 49 mandados de busca e apreensão em oito cidades da Costa do Descobrimento, a presença das facções continua crescendo.

Os moradores vivem sob o domínio do medo, enquanto a polícia luta para conter a violência com recursos limitados. O caso de Athus não é isolado, mas parte de um cenário mais amplo de fragilidade institucional, ineficiência na prevenção ao crime e falta de políticas públicas eficazes para desmantelar organizações criminosas.


O QUE VEM A SEGUIR?

As buscas pelo corpo de Athus continuam, e a polícia segue investigando o envolvimento de outros suspeitos no crime. Paralelamente, a Operação Unum Corpus pretende enfraquecer as redes criminosas que transformaram Eunápolis em um território de guerra.

Entretanto, especialistas alertam que prisões pontuais não serão suficientes para conter a escalada da violência na Bahia. Sem um plano de segurança pública mais eficaz, novos casos como o de Athus continuarão a ocorrer, deixando um rastro de impunidade e dor para familiares e amigos das vítimas.

A grande questão que fica é: até quando os cidadãos de Eunápolis precisarão conviver com esse cenário de terror?

📢 Compartilhe esta notícia com o mundo!

Miranews  2025 © Todos os direitos reservados