Apesar da queda de 41,7% nos roubos de carga na Bahia em 2024, o crime organizado mostra que ainda impõe medo nas rodovias do estado. Na noite de 4 de abril de 2025, uma carreta carregada com pneus de motocicleta foi interceptada por criminosos armados na BR-101, entre Itamaraju e Itabela. A carga roubada está avaliada em aproximadamente R$ 1 milhão.
O motorista, de 43 anos, contou à polícia que foi abordado após parar o veículo no acostamento, supostamente para fechar a caixa de cozinha da carreta. Ele havia recebido o alerta de outro caminhoneiro momentos antes — algo que levanta suspeitas de que os próprios assaltantes tenham provocado a parada para facilitar a abordagem.
Sob ameaça, ele foi forçado a seguir por uma estrada vicinal, onde cerca de 20 toneladas de pneus foram transferidas para outro caminhão. Após a ação, a vítima se dirigiu a Eunápolis para registrar o boletim de ocorrência.
Estatísticas que não revelam tudo
Em 2024, a Bahia registrou 176 ocorrências de roubo de carga, contra 302 no ano anterior. A redução é significativa, mas casos como este mostram que o problema está longe de ser resolvido. Ainda que o estado represente apenas 3% das ocorrências no Brasil, as quadrilhas seguem atuando com planejamento, inteligência e violência.
Nacionalmente, o Sudeste concentrou 80% dos roubos de carga em 2024, sendo São Paulo responsável por 43% dos casos, o Rio de Janeiro por 29% e Minas Gerais por 6%. Esses números evidenciam uma mudança geográfica nos alvos, mas também reforçam a necessidade de manter o cerco nas rotas do Norte e Nordeste.
Insegurança disfarçada de progresso
A redução das estatísticas não deve ser confundida com segurança real. A sofisticação das quadrilhas, aliada à vulnerabilidade de certos trechos rodoviários, aponta para um desafio contínuo: combater não apenas o número de crimes, mas também sua gravidade e ousadia. O assalto milionário na BR-101 é prova disso.